Mulher suspeita de Covid-19 clama por atendimento, mas é barrada na UPA de Parnamirim causando revolta e protestos


Causou revolta entre populares na noite deste domingo em Parnamirim, a cena do caos na saúde em conseqüência do novo coronavírus: uma mulher suspeita de covid-19 foi barrada na UPA Nova Esperança, tendo que ficar deitada na calçada da unidade amparada por uma familiar, enquanto clamava por assistência.
“Isso é desumano, é falta de respeito”, exclamava um popular, enquanto alguns servidores no interior da unidade, andavam de um lado para outro, mas mantendo as portas fechadas.”Morre assim e ninguém faz nada”, gritava outra pessoa em meio ao clamor de outros populares.
O portal GAZETA DO OESTE tentou manter contato telefônico com a UPA, sendo informado que a UPA só está atendendo casos urgentes relacionados à pediatria, exatamente em razão da superlotação.
A Unidade de Pronto Atendimento (UPA) Nova Esperança, localizada no município de Parnamirim, na região metropolitana de Natal, anunciou ontem(sábado) a suspensão dos atendimentos, alegando superlotação e confessando a total falta de estrutura.
A direção da UPA, em comunicado à imprensa da capital, lamentou a falta de estrutura e ressaltou que não há como fazer novos atendimentos até que haja mudança positiva em relação a superlotação.
Ontem(sábado) à noite, o diretor da UPA, Henrique Costa, disse a reportagem do portal Agora RN, que havia 24 pacientes internados no local utilizando suporte de oxigênio. Desses pacientes, 9 tinham diagnóstico positivo confirmado para coronavírus e 15 eram considerados casos suspeitos.
Populares se revoltam, mas mulher não é atendida

“Está no limite do limite. Neste momento, está fechado o atendimento na UPA. Não tem condições de atendimento extra. Se entrar (novos pacientes), vai ser negligência nossa, porque não tem como atender. São decisões duras, pesadas, mas a gente tem que tomar”, afirmou Henrique, em uma mensagem de áudio encaminhada à equipe no início da noite. A autenticidade da mensagem foi confirmada pelo Agora RN.
À reportagem, o diretor da UPA frisou que a suspensão para novos atendimentos é temporária e que, assim que a situação estiver estabilizada, as consultas a novos pacientes serão retomadas. Segundo ele, as portas da unidade foram fechadas por volta das 19h e devem ficar assim até a madrugada deste domingo (31). Homens da Guarda Municipal ajudam na segurança da unidade.
A UPA Nova Esperança é a única de Parnamirim. Com a suspensão dos atendimentos, não há uma orientação sobre que serviço os moradores da cidade devem procurar caso precisem de assistência em saúde. No município, além da UPA, existe o Hospital Márcio Marinho, em Pirangi do Norte, e o Hospital Regional Deoclécio Marques de Lucena. Um hospital de campanha com 44 leitos deve ser aberto na segunda (1º).
De acordo com a Secretaria Municipal de Saúde, Parnamirim tem confirmados até este sábado 766 casos de Covid-19, sendo que 17 pacientes morreram por causa da doença. Além disso, outros 894 estão em investigação. Segundo a pasta, 197 foram curados e 1.039 casos foram descartados.