Gustavo Negreiros: “Não sou isento. Acho ótimo incomodar”



Gustavo Negreiros é assumidamente polêmico. E tem orgulho disso. Suas opiniões contundentes – nada imparciais, como ele mesmo assume – já lhe renderam ameaças, críticas e muita repercussão, inclusive nacional. As críticas, ele diz que recebe com tranquilidade, pois afirma quer “quer sempre acertar”.

Editor do “Blog do Gustavo Negreiros” e, atualmente, comentarista na Rádio 96 FM, o advogado e jornalista conta, nesta entrevista exclusiva ao Agora RN, o que o motivou a enveredar pela comunicação. Ele nega representar uma “parcela ideológica” da sociedade, apesar de ser exaltado pela direita – que forma a maioria de seus leitores. Ser candidato está fora de cogitação, ele diz.

Ao Agora RN, ele fala, sem fugir a nenhum questionamento, sobre as consequências de adotar uma postura crítica em relação a entidades e personalidades expoentes do Estado – principalmente o governo Fátima Bezerra.

E nem mesmo a imprensa e seus colegas jornalistas escapam da crítica mordaz: “O jornalismo potiguar é afogado na inveja”.

Confira a entrevista na íntegra:

AGORA RN – De onde surgiu a ideia de editar um blog próprio e de ser comentarista de rádio e TV? O que veio primeiro? O jornalista ou o advogado?

GUSTAVO NEGREIROS – Fiz Direito porque não queria continuar no Jornalismo. Depois que comecei a advogar, surgiram oportunidades no Jornalismo. Acabei aproveitando.

AGORA RN – Você virou voz atuante da direita potiguar e de oposição ao governo estadual. Você é o porta-voz desta parcela mais conservadora da população?

GN – Não acho que represento uma parcela ideológica. Porém, muita gente da direita gosta das minhas colocações, já que a grande maioria da imprensa é declaradamente de esquerda. Me considero um comentarista. Não sou isento, porque, caso fosse, perderia minha função. Para tudo, eu tenho lado.

AGORA – Você considera sua atuação jornalística como “imparcial”?

GN – De jeito nenhum! Sou completamente parcial. Não tenho ídolo ou bandido de estimação. Também não tenho a preocupação de agradar os leitores. Eu tenho o meu pensamento, que inclusive pode não ser o certo.

AGORA – Você já sofreu intimidação ou ameaças por causa de sua atuação no blog, no rádio ou na TV? Se sim, quais?

GN – Todos os dias. De ameaça de surra até secretária de Estado ligando para os veículos pedindo minha cabeça. Isso é combustível. Acho ótimo incomodar.

AGORA – Como vê a popularidade das suas opiniões?

GN – Uns adoram, outros odeiam. O engraçado é que todos leem ou escutam. Isso é bom. As críticas, recebo com tranquilidade de quem quer sempre acertar.

AGORA – Você também é crítico da atuação da imprensa potiguar. Por quê?

GN – Em regra, o jornalista potiguar gosta de se preocupar com o colega que faz sucesso. É muito fácil falar do sucesso do outro e não olhar para o próprio fracasso. Precisamos de empreendedores como o Agora RN, não de gente que fica preocupado com a produção alheia. O jornalismo potiguar é afogado na inveja.

AGORA – Com toda esta notoriedade, pensa em disputar um cargo eleitoral?

GN – Nunca! Gosto de ar condicionado, final de semana com a família, ir para restaurantes, ter liberdade, detesto solenidade. Prefiro ficar do outro lado, analisando o que os políticos fazem. É a minha função social.

AGORA – Você é um defensor da flexibilização do isolamento social. O RN tem condições de abrir a economia, mesmo com os atuais registros de mortes por Covid-19 e internações em UTI?

GN – O isolamento social não deu certo. Não temos vacina. O que existe é a necessidade de sobreviver, comer, pagar as contas. Então, temos que aprender a conviver com o vírus. Desemprego e fome matam muito mais.

AGORA – Seus críticos lembram sua atuação no governo Robinson Faria, que deixou salários de servidores atrasados e está envolvido em escândalos de corrupção. Parte das críticas que você faz para a gestão Fátima Bezerra não são de responsabilidade de Robinson Faria?

GN – Fui cargo comissionado nos governos Rosalba (Ciarlini) e Robinson. Trabalhei como assessor, não pensava diferente do que penso hoje. A questão é muito simples: temos verdadeiras castas inquebráveis no RN. Enquanto um governador não enfrentar isso, viveremos em um estado falido, apenas para pagar folha de servidores. Em relação a corrupção, um governo é enorme. Tem várias repartições, setores, panelinhas, servidores e existem os órgãos de controles para fiscalizar. Eles devem ou deveriam ser atuantes. Isso oxigena a democracia e o estado democrático de direito. Na primeira reunião da equipe de transição, Fátima disse que, em um ano, os servidores estariam em dia e os fornecedores receberiam dentro dos prazos estabelecidos. Não fez nenhuma reforma, faltou coragem. A dívida é do Estado. Ela sabia quando foi eleita. Não existiu nenhuma novidade até março, quando começou a pandemia. O governo Fátima já acabou. Só resta esperar o próximo governador.