Primeira vacina contra Covid-19 testada em humanos é segura e eficaz, mostra estudo


Um estudo publicado nesta sexta (22) na revista científica inglesa Lancet aponta resultados iniciais positivos da primeira vacina testada em humanos contra o novo coronavírus. A imunização experimental, desenvolvida pela empresa farmacêutica chinesa CanSino, tem um perfil de segurança adequado e estimula resposta do organismo contra a Covid-19, segundo a pesquisa.
A pesquisa foi conduzida por pesquisadores de vários laboratórios e incluiu 108 participantes com idades entre 18 e 60 anos. Aqueles que receberam uma dose única da vacina produziram células imunes chamadas células T dentro de duas semanas. Os anticorpos necessários para a imunidade atingiram o pico 28 dias após a inoculação.
“São dados promissores, mas são dados iniciais”, disse Daniel Barouch, diretor de pesquisa de vacinas no Centro Médico Beth Israel Deaconess, em Boston, que não esteve envolvido no trabalho. “Acima de tudo, eu diria que são boas notícias.”
O objetivo principal desse teste era verificar a segurança da imunização. A prova de sua eficácia exigirá testes em milhares, talvez centenas de milhares, de pessoas.
O desenvolvimento de uma vacina é considerado a melhor solução de longo prazo para terminar a pandemia e ajudar na reabertura dos países. Cerca de cem equipes ao redor do mundo correm para testar as vacinas candidatas a solucionar o problema.
Essa semana foi marcada por anúncios relacionados a vacinas. Versões desenvolvidas por diversas empresas, como Pfizer e BioNTech, também já começaram a ser testadas em humanos. A autoridade de saúde americana afirmou, na quinta (21), que daria cerca de US$ 1,2 bilhão para a empresa AstraZeneca desenvolver uma potencial vacina.
Na segunda-feira, a farmacêutica Moderna, em Cambridge, Massachusetts, nos EUA, anunciou que sua vacina de RNA aparentava ser segura e eficaz. A substância, porém, só foi testada em oito pessoas. Na quarta, pesquisadores de Boston afirmaram que protótipo de vacina protegeu macacos contra a infecção pelo novo coronavírus.
Os testes foram feitos em 108 pacientes não contaminados com a Covid-19, entre 16 e 27 de março, em um único centro em Wuhan, na província de Hubei, o primeiro local a ser atingido pela pandemia.
A CanSino está apostando num patógeno modificado, do grupo dos adenovírus, como vetor. O adenovírus geneticamente modificado carregará o material genético que contém o código para a produção da proteína S, mais ou menos como no caso da vacina americana de RNA. A diferença é que os vírus conseguem “entregar” ativamente a informação genética da imunização, o que, em tese, pode ser mais eficiente do que o material genético “solto”. Por outro lado, pode haver mais riscos de efeitos colaterais.
No entanto, muitas pessoas já foram expostas ao coronavírus, o que levanta a preocupação de que presença de anticorpos atrapalhe o funcionamento amplo da imunização contra a Covid-19. Cerca de metade dos participantes do estudo tinha anticorpos poderosos para o adenovírus Ad5 antes de receberem a vacina.
FOLHAPRESS