Rússia anuncia fechamento das fronteiras para conter pandemia de coronavírus


Foto: Sputnik/via REUTERS
O governo russo ordenou, segundo documento divulgado neste sábado, o fechamento de suas fronteiras a partir do próximo dia 30, em uma tentativa de conter a disseminação da Covid-19. A medida englobará todos os postos de fronteira marítimos e terrestres, incluindo os ferroviários, rodoviários e para pedestres. Ficarão de fora das restrições missões diplomáticas, caminhos e outros veículos cargueiros.
As especifidades da medida ainda não vieram à tona, mas o governo russo, após negar a necessidade de medidas de registrição, vem implementando regras mais drásticas para tentar controlar o contágio do novo coronavírus em seu território após um crescimento dos casos: há uma semana, havia 367 infecções confirmadas por Covid-19 no país. Neste sábado, são 1.264, com quatro mortes.
Teme-se que haja uma subnotificação dos casos no país, especialmente frente à extensão na pandemia na Europa: a França, com a metade dos 146 milhões de habitantes da Rússia, tem 26 vezes mais casos. As especulações sobre subnotificações ganharam força após o prefeito de Moscou, Sergei Sobyanin, afirmar na última terça-feira, em uma rara declaração dissonante do Kremlin, que as estatísticas não retratam a gravidade da epidemia na cidade, já que poucos pacientes foram testados para o Covid-19.
No dia seguinte, em um pronunciamento à nação, o presidente Vladimir Putin afirmou ser “impossível” cessar as transmissões do novo coronavírus no país em razão de seu tamanho continental, mas orientou a população a ficar em casa. Ele decretou ainda um feriado prolongado entre este sábado e 5 de abril, durante o qual apenas setores essenciais funcionarão no país.
“Esse não é um feriado extra, mas uma medida importante para combater a disseminação do coronavírus”, escreveu Sobyanin no site da prefeitura de Moscou neste sábado, fazendo um apelo para que a população fique em casa. “A vida de muitas pessoas depende de cada um de nós. Literalmente. Fiquem em casa, por favor.”
Adiamento de referendo
Para atenuar os efeitos da crise econômica, Putin anunciou também a ampliação de uma série de benefícios sociais, a suspensão de alguns modelos de falência e algumas medidas fiscais.Desde então, todos os voos internacionais que pousam ou decolam no país também foram suspensos.As exceções, segundo um comunicado emitido pelo governo, serão voos para evacuar cidadãos russos de outros países e viagens autorizadas pelo Kremlin.
Em seu discurso, Putin anunciou ainda o adiamento do referendo que estava previsto para o dia 22 de abril para uma data ainda não anunciada. Pela lei atual, o presidente é obrigado pela Constituição a deixar o poder em 2024, quando seu atual segundo mandato consecutivo — e quarto não consecutivo — terminar.
Há mais de 20 anos no poder, como presidente ou como primeiro-ministro, Putin já é o líder há mais tempo no Kremlin desde Josef Stálin. Ele havia rejeitado várias vezes a ideia de permanecer no cargo além de 2024 – a emenda apresentada no início do mês, no entanto, expande o limite para as suas reeleições, abrindo caminho para que ele seja candidato em 2024 e 2030, quando terá 83 anos.
O Globo