Audiência na Assembleia Legislativa incentiva cultura de paz nas escolas


Crédito da Foto: Eduardo Maia
Apresentar alternativas que se contraponham à violência física ou verbal no ambiente escolar do Rio Grande do Norte. Esse foi o objetivo da audiência pública proposta pelo deputado Francisco do PT, intitulada “Paz nas escolas: pelo combate à violência nas redes pública e privada de ensino”, que ocorreu na tarde desta segunda-feira (16), na Assembleia Legislativa do RN.
“Recentemente temos assistido a várias notícias sobre violência nas escolas, inclusive ataques a instituições de diversas regiões do país em que pessoas foram mortas. Esse é um problema que diz respeito não apenas às instituições de ensino, mas a toda a sociedade. Por isso estamos aqui hoje, para incentivarmos a cultura de paz no ambiente escolar”, justificou Francisco do PT.
De acordo com o parlamentar, “é possível construir uma convivência que supere a violência e tenha alicerces no respeito à vida, à preservação do meio ambiente, ao diálogo e à tolerância”. Para o deputado, “tudo isso traz impactos positivos na relação professor – aluno e, consequentemente, no rendimento escolar”.
Iniciando os discursos dos integrantes da Mesa, o presidente do Conselho Estadual de Promoção da Paz nas Escolas, João Maria Mendonça, falou da importância da cultura, arte e educação no combate à violência nas escolas públicas e privadas; citou alguns projetos da Secretaria Estadual da Educação em prol da cultura da paz; e trouxe dados estatísticos sobre a violência no país.
“14% dos homicídios por arma de fogo no mundo são cometidos aqui no Brasil, e nós testemunhamos quase 60 mil homicídios por ano. São números altíssimos. E isso ocorre, dentre outros motivos, devido à disseminação da cultura da violência, em detrimento das políticas sociais”, afirmou.
O presidente disse também que é preciso empoderar a cultura, o esporte e a arte, em vez de pensar em armar a população. “Os alunos que se apresentaram aqui, antes do debate, deram uma grande demonstração do valor da cultura e da arte para o combate à violência. A educação é uma grande aliada do diálogo e da tolerância. E é disso que precisamos, porque onde falta arte, lazer e educação, sobra violência”, concluiu.
Dando continuidade às discussões, o Juiz de Direito e representante do Programa Educação Cidadã, Dr. Jarbas Bezerra, enalteceu a importância dos professores – e da educação – para toda a sociedade.
“A base de qualquer ofício é o magistério. Ser professor é uma dádiva, uma das maiores profissões que Deus pode criar. Não há momento melhor para a cultura da paz do que esse período que estamos vivendo no Brasil. E cada um tem que pensar no que pode fazer, individualmente, para incentivar e promover a paz, o respeito e a compreensão nas escolas e em todo o mundo”, destacou.
Representando a Secretaria de Educação do RN, a professora Socorro Batista disse que é preciso pensar primeiramente na promoção da paz e não no combate puro e simples da violência. Para ela, é essencial pensar no incentivo à paz sob a perspectiva dos direitos humanos.
Ressaltando a importância de se fomentar o debate sobre a cultura de paz, o membro da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/RN), Dr. Paulo da Silva, destacou valores, como respeito ao próximo, amizade, harmonia e integração entre as pessoas. Ele disse também que a OAB está de portas abertas para promover debates, através de suas comissões, ajudando no que for necessário para a conscientização da população sobre o tema.
Por fim, o representante da Secretaria de Segurança Pública, Gesaias Ciriaco, frisou que não se pode naturalizar a questão da violência nas escolas.
“Nós estamos cada vez mais tratando como normais as inúmeras situações de violência no ambiente escolar. O primeiro fato sempre chama atenção; o segundo fato escandaliza; e o terceiro fato já se torna comum. Isso deve ser combatido urgentemente”, argumentou.
Segundo Gesaias Ciriaco, o papel das escolas é formar pessoas, não apenas entregar diplomas. “Temos um problema grave hoje no Brasil, porque o saber está sendo desprezado. Estamos recuando na premiação do saber, e isso não pode acontecer, porque a educação é a chave para disseminar a cultura de paz, em detrimento dos atos violentos nas nossas escolas”, finalizou.  
Membros de outras instituições da sociedade civil também demonstraram seu apoio à causa da paz nas escolas, indicando a educação como principal meio de combate à violência no ambiente escolar.