Escassez de água afeta um quarto da população global



Um quarto da população mundial vive em regiões de extrema escassez de água. É o que aponta um recente relatório do Instituto de Recursos Mundiais (WRI, na sigla em inglês), uma ONG americana sediada em Washington, que analisou 17 países que correspondem a 25% da população global.
Doze dos 17 países com um alto nível de escassez de água analisados estão localizados no Oriente Médio e no Norte da África.
Segundo pesquisadores do WRI, as mudanças climáticas podem agravar a escassez de água e muitos países terão experiências semelhantes à da África do Sul em 2018, quando o governo da Cidade do Cabo alertou a população sobre a iminência de um “dia zero” de abastecimento de água.  
Catar, Israel e Líbano lideram o ranking dos países com o maior nível de escassez de água do mundo. De acordo com dados do relatório, as regiões de Badghis, no Afeganistão, e de Gaborone e Jwaneng, em Botsuana, são as mais afetadas pela crise hídrica.
“O crescimento demográfico, a mudança climática, o gerenciamento ineficaz de distribuição da água e a poluição estão diminuindo os recursos hídricos do mundo”, disse Betsy Otto, diretora do Global Water Program do WRI.
A pesquisa do WRI constatou que nos 17 países com o nível mais alto de escassez de água, a agricultura, a indústria e os serviços básicos de manutenção das cidades consumiam 80% dos recursos hídricos superficiais e subterrâneos por ano. Esse consumo excessivo de água em que a demanda supera a oferta, aliado aos períodos de seca, que estão aumentando devido ao aquecimento global, tem agravado um dos principais problemas urbanos atuais.
A Índia, um país com mais de 1,3 bilhão de pessoas, enfrenta uma grave crise hídrica. Em julho, o “dia zero” de abastecimento de água atingiu a cidade de Chennai, no sul do país. As imagens de satélite de um lago seco nos arredores da cidade viralizaram nas redes sociais.  
“A escassez crônica de água em diversas regiões da Índia é hoje um problema social e econômico de grande dimensão”, disse Shashi Shekhar, ex-secretário do Ministério de Recursos Hídricos da Índia.
Nos EUA, a escassez de água tem se acentuado nos estados de Novo México e Califórnia. Segundo a análise dos pesquisadores do WRI, o alto nível do escassez de água do Novo México iguala-se ao dos Emirados Árabes Unidos e da Eritreia.
A Califórnia tem enfrentado ondas de calor com temperaturas máximas históricas e períodos prolongados de seca, disse Joaquin Esquivel, diretor do Conselho Estadual de Controle de Recursos Hídricos da Califórnia. “Durante a seca que se prolongou por cinco anos até 2017, a demanda superou a capacidade do sistema de abastecimento de água no estado”, acrescentou ele.
“É preciso tomar providências urgentes para solucionar ou pelo menos minimizar os efeitos da crise hídrica. A escassez crônica de água irá aumentar o fluxo migratório, sobretudo de povos do Norte da África, além de prejudicar a produção de alimentos e o funcionamento de setores da indústria que consomem muita água como mineração, fabricação de papel e produção têxtil”, alertou Betsy Otto.