Prevenção combinada: proteção contra HIV vai além da camisinha

O preservativo é uma excelente e prática estratégia de prevenção ao HIV/aids e outras Infecções Sexualmente Transmissíveis (IST), mas hoje não é o único meio para evitar estas doenças. Outras alternativas eficazes fazem parte da prevenção combinada.
Mas você sabe o que é isso?
A Prevenção Combinada associa diferentes métodos (ao mesmo tempo ou em sequência) conforme as características e o momento de vida de cada pessoa .
Entre os métodos que podem ser combinados, estão: a testagem regular para o HIV, que pode ser feita gratuitamente no Sistema Único de Saúde (SUS); a prevenção da transmissão vertical (quando o vírus é transmitido para o bebê durante a gravidez); o tratamento de infecções sexualmente transmissíveis e das hepatites virais; a imunização para as hepatites A e B; programas de redução de danos para os usuários de álcool e outras substâncias; a profilaxia pré-exposição (PrEP); profilaxia pós-exposição (PEP); e o tratamento de pessoas que já vivem com HIV. É bom lembrar que uma pessoa em tratamento atinge níveis de carga viral tão baixos que é praticamente nula a chances dela transmitir o vírus para outras pessoas. Além disso, quem toma o medicamento corretamente, não adoece e mantém a sua qualidade de vida. Todas essas métodos podem ser utilizados pela pessoa isoladamente ou combinados.
Nos últimos dez anos, foi observado um crescimento de HIV entre os homens de 15 a 19 anos, 20 a 24 anos, 25 e 29 anos e 60 anos e mais. Com o objetivo de garantir que esse público possa viver plenamente a sexualidade sem medo, vergonha e culpa, independente da condição física, orientação sexual, idade e estado civil, o Ministério da Saúde vem elaborando estratégias que garantem uma vida mais saudável a eles. “As ações de prevenção estarão voltadas para essa população, em especial com a população trans, os gays e os homens que fazem sexo com homens, as trabalhadoras do sexo, porque são grupos mais vulneráveis à infecção pelo vírus. Nós temos várias reuniões com todas as agências da Organização Mundial da Saúde – ONU - para definir estratégias para toda essa população. Uma das escolhas é trabalhar com aplicativos e com as mídias sociais ao longo de todo ano colocando mensagens de prevenção, e destacando a PreEP”, explica a diretora do Departamento das IST, HIV/Aids e das Hepatites Virais (DIAHV), Adele Benzaken.
Prevenção
O preservativo ainda é o método de prevenção mais usado, sendo o mais barato e de fácil acesso. A oceonógrafa, Ilanna Rego fala que desde a sua primeira relação sexual ela usou camisinha. “Essa foi uma das minhas condições para que eu levasse adiante essa ideia com meu parceiro e depois de muita conversa essa foi uma das condições foi o uso da camisinha”, comentou.
O Ministério da Saúde mantém a distribuição dos preservativos masculinos e femininos, em todo o Brasil. “Em visita ao Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, estavam distribuindo camisinhas. No momento em que comprei ingresso estava sendo fornecida, achei a ideia muito boa, inclusive já usei a camisinha do SUS em diversas ocasiões e gostei muito”, fala Ilanna.
Camisinha "estourou"
Mas se a camisinha “estourou” ou você transou sem preservativo, é necessário o uso de profilaxia pós-exposição de risco ao HIV, conhecida como PEP. Trata-se da combinação de antirretrovirais que devem ser tomados durante 28 dias. A PEP é oferecida gratuitamente em serviços de referência em todos os estados. O tratamento deve ser iniciado em até 72 horas, após o possível contato com vírus tanto numa relação sexual desprotegida, quanto num acidente com instrumentos cortantes (como agulhas, alicates etc). Para saber qual o serviço que oferece a PEP mais perto da sua residência ligue para a Ouvidoria do SUS 136. Atenção, a PEP só é aplicável em quem não tem o vírus. Porque quem já tem o vírus precisa iniciar o tratamento.
Outra opção é a PrEP, que é a utilização do medicamento antirretroviral por aqueles indivíduos que não estão infectados pelo HIV, mas que se encontram em situação de elevado risco de infecção. Com o medicamento já circulando no sangue no momento do contato com o vírus, o HIV não consegue se estabelecer no organismo. A PrEP é a mais nova tecnologia de prevenção ao HIV, introduzida no SUS no ano passado. Ela está disponível atualmente em 36 serviços em 11 unidades federadas, incluindo o Distrito Federal. No momento, os grupos que tem indicação para receber a PrEP são: os profissionais do sexo, homens que fazem sexo com homens e gays, população trans, e casais sorodiferentes (quando um tem o vírus e o outros não).
Converse sempre com o profissional de saúde, porque ele pode indicar e te ajudar a melhor forma ou as melhores formas de prevenção de acordo com o seu comportamento e o seu momento de vida.
Para o estudante de 21 anos, Francisco (nome fictício) a Prevenção Combinada é muito eficaz, mas é necessário que essa divulgação seja mais ativa. “Precisamos multiplicar informações sobre prevenção e cuidado, de modo que todos saibam se prevenir. Estou em um relacionamento monogâmico. Por isso, depois de fazermos exames (de 3 em 3 meses fazemos) resolvemos tirar. Mas sei dos riscos que isso implica”, comenta ele.
Para a diretora do Departamento de HIV, Aids e Hepatites Viriais do Ministério da Saúde, a PrEP é uma das opções mais avançadas no campo da prevenção. “A PrEP tem evidências que ela consegue impactar e reduzir a epidemia entre populações jovens. Isso que o Ministério da Saúde vem trabalhando” destacou.
No Brasil, estima-se que 830 mil pessoas vivam com o HIV. Por ano, há cerca de 40 mil novos casos de aids – quando a pessoa que vive com o vírus começa apresentar sintomas da doença. A epidemia de HIV tem afetado desproporcionalmente alguns grupos de pessoas, mais do que outros, como é o caso dos homens jovens e homens que fazem sexo com homens. A PrEP é mais uma opção de prevenção para as pessoas se protegerem do vírus causador da aids. “Com as novas opções de prevenção disponíveis estamos confiantes que é possível reverter o números de nova infecções pelo HIV, bem como os novos casos de aids que temos registrado anualmente”, esclare a diretora. 
Luíza Tiné, para o Blog da Saúde