Com algemas nos punhos, policiais civis se apresentam para serem presos em Natal


Em greve desde o último dia 20 de dezembro, policiais civis do Rio Grande do Norte se apresentaram na Delegacia Geral de Polícia, na manhã desta quarta-feira (3), em Natal, para serem presos. O Tribunal de Justiça do Rio Grande do Norte considerou o movimento ilegal e determinou a prisão de policiais da ativa e da reserva que incentivem, promovam ou defendam a greve.
Durante a tarde desta terça-feira (2), em assembleia, os policiais decidiram que permanecem trabalhando em regime de plantão, mesmo diante da possibilidade de serem presos. Por causa da greve, apenas as delegacias de plantão e as regionais funcionam no estado. A categoria cobra o pagamento dos salários de novembro, dezembro e do 13º. Sem policiamento, a houve aumento da violência no estado. O governo federal enviou 2,8 mil homens e mulheres das Forças Armadas, no último final de semana, para reforçar a segurança no estado.
“Se não fosse a família, estaria passando fome. Em 11 anos de polícia, nunca imaginei que eu, como homem da lei, teria que me algemar. Mas estou pronto para ser preso. Pelo menos na cadeia a gente vai ter o que comer”, afirmou o policial Severino Bezerra, de 52 anos, que atua na delegacia de São Gonçalo do Amarante e se algemou na sede da Polícia Civil.
Nilton Arruda, presidente do Sinpol, afirma que os policiais não estão de greve. “Nós ressaltamos mais uma vez que os policiais não estão em estado de greve, estão em estado de necessidade. Eles estão cobrando o pagamento dos salários atrasados para que possam ter condições de se alimentar e de se deslocar ao trabalho e, então, exercerem suas atividades normalmente”, argumenta.
O G1 procurou a delegada-geral Adriana Shirley, mas não teve as ligações atendidas. A assessoria da Delegacia Geral também foi procurada, mas afirmou que até o momento não há um posicionamento oficial sobre o ato.
Com salários atrasados, o estado enfrentou paralisações da Polícia Militar, do Corpo de Bombeiros e da Polícia Civil. Eles pedem regularização dos salários atrasados e melhores condições de trabalho. Desde a terça-feira (19), PMs se negavam a sair dos batalhões da capital e do interior e policiais civis trabalham em regime de plantão. Setenta homens e mulheres da Força Nacional foram acionados para fazer patrulhamento na capital. A PM voltou às ruas nesta terça (2).
A Justiça considerou a paralisação ilegal, mas, na ocasião, a PM decidiu manter a posição de não ir às ruas.
Os policiais civis e delegados também aderiram ao movimento. Desde o dia 20 de dezembro a Polícia Civil trabalha em regime de plantão, atendendo a população apenas das delegacias de plantão e regionais. Em 2017, o Supremo Tribunal Federal disse que greve de polícia e de agente penitenciário é sempre ilegal.
Ao longo dos 15 dias de paralisação, foram registradas 101 mortes violentas no estado. A média é de 6,7 pessoas mortas por dia. É praticamente a mesma média do ano todo, que teve 2.405 assassinatos.
VIA G1/RN