Cresce no Brasil a ocorrência de infarto entre as mulheres


As próximas linhas podem mexer com o seu coração. Das 70 pessoas, em média, que enfartam diariamente no Brasil, 48% são mulheres. Os números podem até não impressionar se o leitor não souber, por exemplo, que, há 50 anos, a cada dez casos de infarto, somente um ocorria em mulher. Isso prova que, nos últimos anos, aumentou consideravelmente – segundo a Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC) – a ocorrência de infarto e acidente vascular cerebral (AVC) também entre o sexo feminino.
Segundo o cardiologista César Jardim, a partir de meados do século 20, a mulher adotou comportamento até então típico dos homens – como a dupla jornada de trabalho -, bem como os hábitos de fumar e beber com mais frequência, muito embora a Pesquisa Especial de Tabagismo do Ministério da Saúde tenha indicado que, entre os jovens, homens ainda fumam 2,5 vezes mais do que as mulheres. A população fumante no país é de 25 milhões de pessoas. Combinação tão explosiva quanto perigosa é a adoção da pílula anticoncepcional pelas tabagistas.
Apesar das conquistas e benefícios da emancipação feminina, a saúde delas acabou pagando um alto preço. Outros hábitos favorecem a ocorrência do infarto: alimentos com alto índice de colesterol e gordura, bem como a falta de atividade física contribuem para o entupimento das artérias coronarianas e, consequentemente, para o infarto e o AVC.
Dados da Organização Mundial de Saúde (OMS) apontam que 300 mil brasileiros morrem por ano em decorrência de doenças cardiovasculares – como infarto, mal súbito, AVC, doença vascular periférica, entre outras. E, cada vez mais, o número de ocorrências entre o sexo feminino se aproxima do masculino. A mulher está cada dia mais exposta aos fatores que oferecem riscos para o coração. “Alguns dos mais comuns são: aumento da pressão arterial, bem como da cintura abdominal, estresse frequente e alimentação inadequada”, explica o cardiologista.

Mulheres e homens precisam de um check-up anual
O público alvo mais preocupante são as mulheres acima de 55 anos que enfrentam os “calorões”, a mudança de humor, arritmia cardíaca e insônia – típicos da menopausa – devido à redução do hormônio estrogênio no organismo. Pouca gente sabe que o estrogênio é grande aliado do coração, pois estimula a dilatação dos vasos, favorecendo o fluxo sanguíneo. Jardim é categórico ao destacar que é fundamental que não somente as mulheres – mas também os homens – façam um check-up cardiovascular preventivo e anual.
Uma das boas regras do jornalismo deveria ser evitar encerrar um tema sem dar um fio de esperança ao leitor – como ocorre em muitos editoriais de “especialistas” da TV, por exemplo. Assim, aqui vão algumas medidas que homens e mulheres podem tomar para reduzir o risco de desenvolver uma doença coronariana. Além de visitar o cardiologista anualmente – pode ser no mês do seu aniversário – uma boa dieta, com legumes, frutas e verduras pode ajudar. Os especialistas, no entanto, são categóricos: “Cigarro, nem pensar”!