Audiência enfatiza importância de diagnóstico precoce do câncer infantojuvenil

Crédito da Foto: Ney Douglas

A Assembleia Legislativa promoveu, nesta quinta-feira (14), audiência pública, de proposição do deputado Hermano Morais (PMDB), referente à campanha “Setembro Dourado”, que tem por objetivo a conscientização a respeito do diagnóstico precoce do câncer infanto-juvenil. O foco do debate foi a relevância da divulgação dos sinais e sintomas da doença, do monitoramento constante dos pais ou responsáveis pelas crianças, bem como da união de esforços dos setores da sociedade envolvidos no combate à enfermidade.

“No Brasil, o câncer já representa a primeira causa de morte por doença, sendo 8% do total, entre crianças e adolescentes de 1 a 19 anos. E a estimativa é a de que ocorrerão cerca de 12600 novos casos de câncer infantojuvenil, no Brasil, em 2017. A região Nordeste ficará em segundo lugar, com 2750 casos novos”, explicou o parlamentar.

Ele complementou dizendo que o principal objetivo do debate é trazer informações que possibilitem o diagnóstico precoce e o combate mais eficaz da doença. “Com a orientação correta podemos reverter esses números. As pessoas precisam ter acesso a informações e dados, para que possamos evoluir nessa luta pela vida”.

Segundo o doutor Wilson Medeiros Filho, coordenador de Oncologia do Hospital Varela Santiago, a chave para uma maior chance de cura é o diagnóstico precoce, que fornece uma melhoria mais rápida, com mais qualidade e menos dolorosa. “A criança que chega com diagnóstico precoce, em quatro ou cinco dias está em casa. Já a que chega tardiamente, nesse mesmo tempo, está na UTI, recebendo um tratamento muito mais doloroso”, informou Wilson.

O médico disse também que, dos anos 2000 pra cá, chegamos num nível de cura de 70%. Além disso, dados do Instituto Nacional do Câncer (INCA) mostram que, no Rio Grande do Norte, ocorrem 150 novos casos de câncer infantil, por ano, mas, de acordo com ele, não são recebidas nem 70 crianças nos locais de atendimento ou tratamento. “Isso demonstra que ainda existe muita criança que morre sem nem ter diagnóstico, o que é muito preocupante”, completou.

A defensora pública Fabrícia Gaudêncio, coordenadora do Núcleo Especializado de Defesa da Saúde da Defensoria Pública Estadual, falou da importância da aproximação da Defensoria com a sociedade e, principalmente, com os grupos mais vulneráveis, a exemplo dos familiares e pacientes portadores de câncer. “Nossas parcerias buscam evitar ao máximo a judicialização das questões de saúde, mas, se for preciso, iremos apoiar a via judicial, sim. O que não pode é o paciente não receber seu atendimento e tratamento adequados”, enfatizou a coordenadora.

De acordo com a secretária municipal de saúde de Natal, Maria da Saudade Azevedo, o grande ponto é o diagnóstico precoce, mas o serviço público não consegue fazer as crianças chegarem sozinhas aos pontos de atendimento. Para ela, é preciso que os familiares estejam atentos aos sintomas, a fim de que possam ajudar de maneira rápida as nossas crianças e adolescentes. A secretária informou, ainda, que estão sendo feitas algumas ações de divulgação e de capacitação dos profissionais da saúde do município, em prol do Setembro Dourado, para que possam prestar um melhor atendimento a esse público específico.

A vereadora Júlia Arruda (PDT), propositora da “Lei Setembro Dourado” e coordenadora da Frente Parlamentar municipal em defesa dos direitos da criança e do adolescente, lembrou que a Frente já tem dez anos de existência e, neste ano, a “Setembro Dourado” comemora seu terceiro aniversário. A vereadora também convidou todos a participarem de uma reunião, na Câmara Municipal, no dia 28 de setembro, às 9h, em que será apresentado o balanço das realizações do Setembro Dourado e serão traçadas perspectivas e metas para o ano que vem.

Francineide Damasceno, presidente do Grupo de Apoio à Criança com Câncer (GACC - RN), reforçou que a luta deve ser conjunta e que o GACC sozinho não conseguiria fazer nada. “Queremos continuar escrevendo histórias vitoriosas e, pra isso, precisamos nos manter unidos e falar mais das nossas necessidades. Por exemplo, nós não temos uma central de transplantes aqui no estado e, por isso, enviamos nossas crianças para fora. Isso tem que mudar.”, pleiteou a presidente.

Segundo o presidente da Confederação Nacional das Instituições de Apoio e Assistência à Criança e ao Adolescente com Câncer (CONACC) e da Casa Durval Paiva, Rilder Campos, ao longo de vinte anos, as casas de apoio e os tratamentos melhoraram muito, mas ainda não há sucesso suficiente em termos de cura. “É preciso dividir a responsabilidade entre todos, pois o câncer é democrático, não escolhe raça, classe nem crença”, complementou.

Por fim, Rilder afirmou que todos deveriam sair da audiência com a missão de serem multiplicadores de informação. “A divulgação é essencial nessa luta. Um tem que ajudar o outro, porque o problema é de todo o Brasil, é de todos nós”, finalizou.