Bairro Potilândia comemora 50 anos junto com o Sesc


As primeiras casas do bairro Potilândia, em Natal, foram erguidas a partir da unidade Sesc, instalada ali há 50 anos. Foi a instituição que viabilizou construções no local por meio de uma linha de financiamento exclusiva para comerciários. Em torno do Sesc cresceram cidade e famílias. Para comemorar o aniversário do bairro, os filhos dos primeiros moradores se reuniram na festa que denominaram “Amigos de Potilândia”, na sexta-feira (30), aproveitando os últimos momentos do período junino.

A noite foi organizada pelo grupo de amigos, com apoio do Sistema Fecomércio. Contou com depoimentos emocionados, apresentação de Shicó do Mamulengo, cover de Roberto Carlos e muito forró e baião no show de Nara Costa e sanfoneiros, além de uma área de alimentação cheia de comidas típicas.

A diretora de Programas Sociais do Sesc Rio Grande do Norte, Ilsa Galvão, leu mensagem enviada pelo presidente do Sistema Fecomércio RN, Marcelo Queiroz, que participou do início da festa.

“O Sesc fez, literalmente, surgir este bairro. Foi da sua missão basilar, focada em transformar para melhor a vida, sobretudo dos comerciários deste estado, que surgiu a ideia, gestada e executada pelo igualmente icônico Jessé Pinto Freire, de transformar uma antiga granja, pertencente ao América Futebol Clube, no espaço que abrigaria os lares de quase duas centenas de comerciários, que tiveram a realização do emblemático sonho da casa própria financiada com recursos do próprio Sesc”, declarou.

O Sesc inaugurou o Centro de Atividades de Potilândia em 1966. A nova unidade passou a atuar com trabalho comunitário, incluindo, entre outras atividades, cursos de culinária, corte e costura, economia doméstica, além de campanhas na área da saúde.

As atividades recreativas e esportivas no Sesc Potilândia eram intensas, com destaque para as aulas de judô, capoeira e dança. Quem lembra é a professora de educação física que reivindica o título de primeira monitora de dança, Leide Bezerril. “Havia muito investimento em lazer, cultura e cidadania”, lembra, ao reconhecer que trabalhar ali foi fundamental para o seu desenvolvimento.

“Eu era uma jovem de 25 anos cuidando de crianças de oito anos, o que me deu muita responsabilidade. Além disso, o Sesc foi pioneiro em acampamentos em granjas”, contou.

Um ano depois da inauguração da unidade, em 1967, foram entregues 48 casas construídas por meio do então Setor Habitacional do Sesc, no terreno da antiga Granja Potilândia, adquiridas por comerciários com financiamento do próprio Sesc. Ao todo, 163 imóveis foram construídos, criando, assim, um novo conjunto.
“Antes de o bairro existir, a cidade acabava em Nova Descoberta”, contextualizou a aposentada Ana Maria de Melo, que passou infância e adolescência entre as ruas cinquentenárias. “Passaram a nos chamar de índios porque morávamos quase fora da cidade. Os índios de Potilândia”.

A aposentada Rosângela Vasconcelos é uma dos dez filhos de Miriam Vasconcelos, que dá nome à praça que fica na frente do prédio, vista da BR-101. Ela destacou o papel integrativo do Sesc e conta que as amizades nascidas nas recreações coletivas resistem ao tempo e até à distância, porque muitos saíram do bairro quando adultos. Os pais continuam lá. “O Sesc nos trouxe uma convivência muito importante. E sempre que nos reencontramos é como se o tempo não tivesse passado. Mudamos fisicamente, nossos cabelos ficaram brancos, mas espiritualmente somos os mesmos”, disse.

O Sesc, 50 anos depois

O Sesc Potilândia atende hoje a quase 1.300 pessoas de todas as idades nas modalidades esportivas (hidroginástica, futsal, karatê, capoeira) oferecidas na estrutura. A escola conta com 675 alunos em 18 turmas. Tornou-se referência em Educação. E se o Sesc mudou a vida de muita gente, ele também foi transformado a partir de histórias individuais, como a da gerente da unidade, Cida Nascimento.

Ela foi a primeira professora de educação infantil a ser contratada, em 1988. Para formar a primeira turma, disse que ajudou na divulgação indo a lojas, conversando com pais das crianças que poderiam ser matriculadas em qualquer lugar. A primeira turma se formou. No ano seguinte, foram duas. E a cada ano surgiam mais interessados.

No ano 2000, a escola foi reconhecida pelo MEC e pôde implantar o Ensino Fundamental. Hoje Cida não está sozinha. São 26 professores distribuídos entre a pré-escola e o 5º ano.

“Eu cresci junto com a unidade e a unidade cresceu junto comigo. Só tenho a agradecer ao Sistema Fecomércio por hoje termos uma escola que inclusive é escola laboratório, com professores que estão em constante formação pedagógica”, disse emocionada.